domingo, 30 de setembro de 2007

saio para nao perder, e assim, me perco em você.

E é essa vontade de existir que me prende e que liga, amarra, entrelaça os abismos que me acercam nesse âmago de agonia. E mesmo presa a esse martírio me condenso em ti. Ainda que me encontro em prosa ou poesia, grande parte do meu eu, é teu. E eu choro, em oculto, para não falar. E digo, acanhada, para não sofrer. Mas sofro, em excelência, para poder me achar. Até quando ficarei assim? Eu quero dar esse passo e caminhar para a vida. Agarre-me pelas mãos e mostre-me a entrada. A saída é batida, muito conhecida. Além do mais, já cansei de sair. Antes mesmo de entrar, saio para não me perder. E saindo assim, me perco em você.

esse é pra você

Enquanto te machucam
Eu te faço amor
E quando te humilham
Eu tiro essa dor
Mas quando te amedrontam
Tua certeza, eu sou.

Tiram teu orgulho como quem não quer nada
Enquanto isso,
Faço-te promessas na calçada
Acertam teu ego, maltratam você
Nas entrelinhas faço teu corpo tremer
Não olham pra você, não te deixam falar
Mas nos meus ouvidos, faço tua voz despertar

Não reconhecem teus olhos
Não querem teu perdão
Enquanto isso, eu me declaro
Apaixonada, me tens em tuas mãos.

dança

Entre nessa dança
Entre de cabeça ou de coração
Cochichando ou de sopetão
Vá como quiser, mas entre.

Jogue fora, arrebente e esqueça
O abismo entre o mal e a cabeça
Despista esse ponto de vista
E chora, não demora, mas, por favor,
Entre agora!

Não olhe pro lado, não olhe pro canto
Não te desespera, não cante teu pranto
Não chore de dor, talvez por amor
Não faça tua cama, nem mesmo reclama
Não te subestime, e no mínimo, estime

E cante, espante, vá adiante
Crie e recrie, seja a criança
Aumente a bagunça, trace a lembrança
Mas não se esqueça
De entrar nessa dança.

mata a sede e tira o sono.

De onde vem tanta beleza?
Tamanha e gigantesca,
Enche o prato, põe a mesa.
Mata a sede e tira o sono
Engrandece corpo e alma
Mas, nem de longe, me acalma.

fez-se o riso

E assim fez-se meu riso.
Banhado pelas lágrimas singelas,
Destemido e inocente.
E assim fez-se meu riso.
O coração disparado, o amor renovado
Coisas que só a gente sente.

tanta vontade

E são tantos planos
Que me faço insegura
E é tanto amor
Que me consumo em medo
E é tanta alegria
Que me desmorono em lágrimas
E é tanta vontade
Que me encontro só.