quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

reticências...


Cinza. Vazio, oco, insignificante. Engraçado tantos adjetivos para descrever um estado tão vago. Como falar de um estado de vácuo? Como falar do que não sinto? Como desejar sentir algo se no momento, mal respiro? Por que as perguntas? Para que os pontos de exclamação? Cansei de você, ponto maldito. Cansei das suas perguntas e das respostas que você busca. Cansei da sua cordialidade e da sua réplica. Eu cansei de você. E talvez fosse melhor ir à busca de um ponto de exclamação. Um grito súbito de admiração, alegria, dor, surpresa. Porém que surpresa eu poderia esperar? E que alegria seria capaz de anular a dor inexistente, o sentimento oculto? Exclamações não são mais válidas e nunca foram. Talvez por nunca tê-las acabei menosprezando-as. Quem sabe uma vírgula? Indicando a menor de todas as pausas ou um comentário malicioso. Uma pausa, um fôlego? Mas parar por que? E de onde vem o cansaço? Talvez eu possa usar da ironia, aproveitar das aspas. Por que não acho o que quero? Quem sabe a coragem de um ponto final? Um furo feito em mim com agulha enfiada de linha molhada. O fim de algo que não começou. A última pausa pra respirar. O momento de se jogar. Por que não o ponto final? E cadê a coragem? Talvez tenha ido embora... Ou melhor, talvez esteja nas reticências. Uma omissão daquilo que se devia ou podia dizer. Um silêncio involuntário. Reticências... Em busca da pagina virada, do próximo capitulo. Sem vírgulas, exclamação ou interrogação. Apenas aquele fim que não acaba...

2 comentários:

Luciana Cecchini disse...

...perfeito...

di disse...

Obrigada por dividí-lo!

E ...