sexta-feira, 24 de outubro de 2008

delicinha.


(...) Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré- história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. A verdade é sempre um contato interior e inexplicável.
(...)
Escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias. Mas preparado estou para sair discretamente pela saída da porta dos fundos. Experimentei quase tudo, inclusive a paixão e o seu desespero. E agora só queria ter o que eu tivesse sido e não fui.

Clarice Lispector.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Desterro na puberdade.



Florianópolis decidiu se revoltar. Uma insuportável puberdade assombra essa cidade.
Revoltada, faz chover por mais de não sei quantos dias. Mais inconstante do que meu humor, esse tempo até que está me alegrando. Ora chove, ora brilha o sol.

Assim como a vida, cheia de fases e cores.
Numas coloridas, noutras cinzas.


Se eu faço chover é pra depois me ver no arco-íris, meu bem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ou pensa, ou vive.


Morri! Morri e não me avisaram! Morri e não me enterraram! Que diabos aconteceu comigo? Esse lugar escuro, essa parede sem muro. Eu morri!

Eu não quero ouvir, pois eles ainda falam comigo a mesma porcaria de sempre. Mas por que razão insistem em falar se já não respiro? E como penso nessas frases se já não existo?


Existir é pensar ou pensar é existir?

Nem um, nem outro.


Se você morre, você não pensa. Se você pensa, não vive.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008


(...) "Ser ou não ser" não seria, portanto, a questão central. O importante seria perguntar, também, o que somos. Será que somos pessoas de verdade, feitas de carne e osso? Será que o nosso mundo consiste em coisas reais, ou será que tudo isso que nos cerca não passa de consciência? (...)




O mundo de Sofia.