sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

próximo?

Ansiedade. Desconforto. Neurose. Saio só em busca de algo externo para me confortar. Ando, perambulo e nada. Pressa não sei de quê. Tormento. Sento na companhia do celular que já não costuma tocar. Raul se foi. Levou junto meu amor próprio. Desgraçado! Fugiu de mim como quem foge da presa. Eu te amava!
- Seu café, moça;
-Ah, obrigada.
Droga! Queimei os lábios novamente! Paulo não se importaria, mas Raul sim. Reclamava de tudo! Do meu café, do cigarro mentolado, das noites em que passei em claro degustando minhas lágrimas....Paulo não! Esse ria de mim feito criança e ainda achava graça da minha mania de dormir sempre de roupão. Ai, nostalgia! Lembro-me dele reclamando do meu cigarro. Mas diferentemente do outro carrasco, Paulo dizia ter ciúmes dos meus lábios.
Eram dois amores. Agora se trata de mim. De nós, xícara. De nós e desse fim de tarde a nos testemunhar.
-Mais um café, por favor.
O que seria do ser humano sem cafeína? Manter-se acordado em meio a tanta idiotice parece impossível.
- Aqui está, senhorita.
- Obrigada.
Olha! Ele me chamou de senhorita! Encantei-me! Será o próximo, quer apostar quanto?
- Rapaz venha cá.
-Pois não?
- Como você se chama?
- Felipe.
- Hmm...certo. Felipe, você dorme de roupão?
- Perdão, mas...o que a senhorita está dizendo?
- Se após o sexo você dorme de roupão, se está só no mundo, se tem um animal de estimação pra esconder a solidão e se fuma cigarro de menta.
-Não sei o que lhe responder senhorita.
-Ah! Cale a boca e me beije!

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

tumulto

Ainda é segunda e eu só penso em querer. Eu quero, desejo e cobiço. Um cheiro, um aperto, um sabor. Tudo o que vivo se mistura, o que leio se complementa ao que sonho. Quantas vezes pensei estar sentindo o aroma do vinho barato que bukowski me contou agora em dezembro. Desejei estar nas festas de Marcelo Rubens Paiva. Beijar ele, fazer graças com as garotas festeiras de feliz ano velho. Pensei em me perder na cidade de São Paulo vazia, silenciosa, indefinida de Blecaute. Quero agora, já! Quero poder ajudar Raul a comprar seu novo forro de sofá e consolá-lo com um beijo na boca e ouvir all apologies junto da mais nova apresentação que Rubens Paiva fez a mim. Desejo agora, imediatamente, te dar um beijo, macabéa. Você é linda, deixe a tristeza de lado para não piorar seu estômago. Cor. Vermelho. Sangue. Há quanto tempo não desvendo nada com Hercule Poirot. Outra que sinto falta é Miss murple. Deve estar penteando os cabelos brancos, solucionando algum crime inventado por Agatha Christie. Aperto no braço, no corpo. Cigarro mentolado pra adoçar a vida. Quero-te novamente. Intensamente. Continuamente. Eu adoro advérbios! De intensidade então, nem se fala. De modo também serve, mas ultimamente não os tenho usado muito. Tumulto, agitação, discórdia entre as palavras. Eu escrevo o que penso, mas nem sempre penso no que escrevo. Confusão! Não seria eu senão houvesse um pouco de intriga. Ai Clarice, você me enteria. Ana Cristina César, você também, não fique com ciúmes. Por sinal, querida, você me deve uma explicação: quem pensa que é pra correr ao encontro da janela e ir para outra dimensão assim, sem nem ao menos me presentear com seus inéditos e dispersos? Busco em todos os cantos mas não encontro. Me contento com seus antigos e soltos.
Cansei. Confusão. Labirinto, palavras, mapas, entrelinhas.
Eu quero, eu desejo. Agora mais do que nunca, estou viva. Trata-se de mim, de nós. Trata-se do oculto e do que brilha. Trata-se do que é indiscutível.