segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

d.

Eu te imploro, com o ar de criança perdida, que não me faça ficar só ao teu lado. Permita que meus olhares enxuguem toda e qualquer mágoa que umedece o céu da tua boca. Permita que eu volte a ser teu porto seguro, teus olhos de menina, tua fonte incansável.
Eu te imploro meu bem, aos prantos e devaneios, que me estendas a tua mão e me puxe novamente para ti. Juro-te que és a dor mais secreta e intensa que me acordou, minha insônia mais salgada, minha maré mais turva, meu poço mais escuro.
Ouço tuas voz por entre um soluço e outro e te vejo, águas escuras, sorrindo tão distante para mim. Busco tua imagem novamente, busco teu sorriso mais sincero, busco tuas mãos em meu corpo e nada encontro. Sinto falta do que é nosso, sinto falta do que está presente, mas por ora, ousa escorregar pelos meus dedos.
Desbravarei toda e qualquer multidão para te trazer de volta.
Eu te amo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

minha exatidão


Não aprendera nada a respeito da arte de suportar. Padecer pacientemente e esperar. Suportar a ela mesma, aos seus anseios, a sua inquietação.
Anos a fio esperando o exato momento da sensação agradável que se tem quando o que oprime ou molesta cessa de todo ou em grande parte. Não avisaram-na do estranho vazio que é se conter. Reprimir-se, dissimular o sofrimento e aprender a sorrir.
Pouco a falaram do pesar na garganta, das noites intermináveis e da lua cheia berrando socorro. Menos ainda do oculto prazer de elevar-se pouco a pouco às alturas do alívio.

Falta-lhe muito para aprender a arte da ressentida digestão dos fatos.