segunda-feira, 29 de agosto de 2011

a ponta dessa caneta acende o cigarro
que abre o vinho,
que mancha o lençol,
que arde em mim.

a gota d´água limpa meu rosto,
que entrega minha alma,
que denuncia o espelho,
que grita em você.

a página em branco colore o incêndio,
que queima em teu nome,
que me acorda aos prantos,
que me levaram ao precipício,
que hoje me faz voar.

uma chama vermelha sempre denuncia o invisível.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

memória



da lógica circundante ninguém escapará
da acidez à ternura
[prazer suave e prolongado]
brilho instantâneo, porém intenso
um dia esse poema virará pó.

se vomito palavras é porque os braços e abraços congelaram-se
e o parto já não dói, calado.
e o grito agora é silencio, sereno.
e a noite já não me assusta mais – veremos!

seguir ou hesitar?
Cautela é o nome que se dá para aquilo que não alcançamos.
Desespero é o que me dá quando lembramos.

um dia esse poema virará pó.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

desire.



Eu quero um vermelho verídico, irrevogável, infalível e desastroso. A liberdade na tua pele faz ferida e sangra. Sangra você, sangro eu e nessa história toda gritar no vácuo não pode ser opção. Trata-se de fatalidade nas pontas dos dedos, do desejo que corre pelas veias, da saliva letal – e já não tão salgada. Deito na cama e escrevo em meus seios recados que deveriam estar cravados em ti. Ou te arranho ou te mato, não quero mais sussurrar. Torno-me fumaça dispersa pra te buscar quando escapas. Torno-me pele macia que arde por dentro. Transformo-me em água potável pra matar tua sede quando, na verdade, não passo de um vinho tinto seco que mancha teu tapete e te faz cair. Disfarce barato não é pra mim. Não suporto mais esses tons macios que ao gritar tropeçam. Eu quero o grito! Um forte, imenso e amargo grito. Não me calo no silêncio, não durmo na chuva calma. Sou café sem açúcar que arrepia a alma pra te acordar. Enquanto Janis se desespera cantando summertime por aqui, brinco de ser Deus e chego a minha grande conclusão:
Te dou o papel de mártir em troca de um segundo no teu escuro.