quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tento ser tantas que não sou,
Esforço-me, caio em pedaços
E na hora de respirar
Só me vem o vazio.

Triste princípio do não-estar.
Triste medo afiado.
Maldito nó na garganta.

Estou doendo.
I´m not there yet.
quanto mais você pensa, menos você é.
àqueles que não foram,
meu simples agrado:

so lu çar.

fruto.

Wax poetic.
Influências: trip hop. Pensamentos. Pontos fracos que destacam-se e mostram (sempre) aquilo que trato há tempos.
Sou hoje o que em 20 anos não me permiti.
Vivo, agora, as pendências que tanto varri.
Quero tanto.
Quero tudo.

Que assim seja:
Aquilo que não me deixa dormir é aquilo que me alimenta.

neve - parte I

Escrevo sem medos. Pulei uma página e não ligo para o intervalo sutil entre o sentir e o não estar. Respiro, em meio às lembranças geladas, tudo o que sempre me congestionou. Pretos pingados pelas folhas. Verdades em brancos flocos invisíveis a qualquer perfeição. Lembranças. Novas lembranças. Desejos que voam neste novo mundo branco. Vergonhas que aparecem aos poucos...
Escrevo,
Aos poucos,
Minha mais nova aquisição:

Eu mesma.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

neve - parte II

De todas aquelas que já fui
A mais silenciosa se fez presente
De todo o vazio preencido por...
Pelo o que mesmo?
Ah sim...
Neve.
Sutilezas intensas.
Momentos que me gritam aos ouvidos:
Vá...

domingo, 14 de novembro de 2010

sopro

Não pertenço a lugar algum. Vivo com o seio farto de desejo e angústias. Grito, desesperadamente, por socorro. Escapam por meus lábios verdades sussurradas de mansinho, que por parecerem sopro de vela, apagam as frágeis chamas de toda e qualquer euforia desconhecida.
Repito quase que incansavelmente a minha mais nova constatação... E feito reza piedosa, fecho os olhos e recito cuidadosamente: eu não pertenço a lugar algum...eu não pertenço a lugar algum...

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

gotas.



Passei o dia todo aqui, sentada do lado de dentro dessa casa, ouvindo todos os passos lá fora, todas as buzinas e consegui até acompanhar o ritmo do vento levantando as saias alheias como quem as convida para uma dança.
Esperei. Afinal viver é esperar, não é mesmo? E olha que esperei obediente, fitando os olhos somente àquilo que me chamava atenção. E tudo, de fato, me chama a atenção. Não sei de onde veio essa curiosidade, essa desejo indiscreto de saber a origem de tudo, esse gosto pelas coisas raras, essa tendência de averiguar tudo o que existe para saber se de fato aquilo existe para mim.
Eu espero. Não tem problema! Espero mesmo... Mas pense: como ser paciente se a espera se faz eterna? Como ter calma se as dúvidas soam tão sinceras e parecem sempre indicarem um sinal. Veja, o sinal é que as coisas não estão calmas. E, portanto, é preciso novamente dar atenção a todo desconforto que foi empurrado para debaixo do tapete. Tapete aquele repleto de cinzas, de pedaços de mim que foram caindo enquanto eu insistia em continuar me olhando pelo reflexo da chuva. Gotas que pingam, que choram, que gritam. Gotas. Pequenas quantidades de uma bebida insolúvel ao descanso, insolúvel ao acaso, insolúvel à calmaria.
Levanto novamente e prometo ficar atenta à cessação do vento e do movimento das ondas que permeiam tantos mares pelos quais já passei.
Espero.
É isso. Novamente. Espero.

domingo, 10 de outubro de 2010

fotografia.

Desejos irreconhecíveis. Sensibilidade lacrimal. Pequenas marcas em sua pele. Páre de pensar, menina! É melhor dormir para viver do que estar viva sonhando tanto. Veja bem, nem tudo é assim. Pense melhor. Não, não pense! Céus, tarde demais...!Permita-se. Seja. Não minta. Não se minta, if you know what i mean.
Não há fuga quando as palavras temidas estão dentro da sua cabeça, meu bem. Mil fotografias não chegariam perto de uma piscada bem dada. Seus olhos cerrariam somente quando você desejasse trocar, de fato, a paisagem que mergulha em você...sabe?
Corra e volte para si ofegando de verdades. De verdade.
Well....you know...

sábado, 25 de setembro de 2010

explosão.

Tudo o que vinha de dentro explodia ecoando por todo o meu corpo e eu já não cabia mais em mim. Cada centímetro de veia, artéria – seja lá o que for- estava se contorcendo e aquilo gritava suando e doendo por socorro. Lapsos, movimentos involuntários. Mordidas, vozes, pânico. Algo queria sair aos prantos de mim mas não era possível. Minha pele sólida parecia ser a pior das muralhas...Mas a saída era necessária... O efeito era o mesmo daquele gás que escapa aos olhos mas demarca território por onde passa...

A saída se fez necessária.

domingo, 15 de agosto de 2010

dissimulação

Encontro naquelas caixas tudo o que me faz chorar. Tudo o que sou (ou já fui?) e que,por ora, me afastei.
Vejo em cada papel amassado as palavras de quem já perdi. Daqueles que me amaram e por quem dei a vida, em certo ponto da mesma, para que no fim eu os perdesse. E não os perdi porque fugiram, mas porque permiti que fossem. Abri os caminhos e as portas e falei baixinho, quase que num sussurro desesperador: “ei, a porta está aberta...!Por favor, insista! Não deixe que eu te permita fugir com tanta facilidade, não deixe eu demonstrar fraqueza, não me deixe assim, assistindo a tudo em silêncio”.
Me arrepio lembrando os tantos que assisti escorrendo por meus dedos. Por que eu faço isso? Por que assisto a perda dos que mais amo? Por que não sou eu quem insiste? Por que ainda me dói relembrar daqueles que ouviram meu recado, mas que tanto insistiram que, ao ver minhas inércias deixaram-me para trás? Por que estou nesse mundo em vão? Por que, meu deus?
Queria poder tê-los todos por perto novamente. E debruçar-me em cima de cada ombro e dançar ao som da melodia de todas as gargalhadas que me fizeram feliz.
Guardo naquela caixa toda a falta de coragem de quem hoje me tornei. Mantenho-a escondida para que não possa me lembrar diariamente do peso que é ser assim. Vivo hoje no branco para que as cores dos meus momentos mais felizes não me causem insônia. Vivo hoje com o peso de quem gostaria de ter feito diferente.
Guardo naquela caixa todos que me fizeram respirar durante esses anos de vida e que, por falta de coragem minha, preferi vê-los vivendo fora do meu alcance. Algum resquício de um amor exclusivo (e exaustivo!) às pessoas e aos interesses alheios me fez deixá-los partir. Algumas doses de lágrimas- já não tão puras, me fizeram chegar aqui.

Finjo que não vejo; que não ouço; que não sinto.
Finjo que tenho clareza e que sei o que me tornei.
Fantasio explicações e soluções.
Dissimulação.

Desculpa...

sábado, 14 de agosto de 2010

ante essa ausência de palavras
grito:

silenciosamente.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

da plenitude de existir-se vivo.

Saiu de casa com o singular desejo de que fosse, de fato, a última vez. O mais grave respirar perplexo e apaixonado pela própria dor. A última tentativa de entender toda desordem e caos que, por ora, o contemplava subitamente.
E foi assim que a extravagante vontade de resumir-se a nada o levou para fora da própria vida e o conduziu por certa noite fria. O vazio já se tornara completo em-si e para-si. Embebido nesse mar de lamentação, frente ao desafio que era zerar-se, o rapaz tentou dar sossego aos pés pretendendo assim, dar voz ao sentimento raro que foi mencionado e sentido depois de todos os outros: a indubitável sensação de existir-se vivo
Por alguns minutos, diante dessa grande vertigem que se passava, permaneceu-se fixo. Estacou-se no súbito momento de confusão e certeza que agora o mantinha em pé. Por não se reconhecer, tentou impedir a continuação do movimento, o progresso de finalmente se sentir parte de algo – ainda que esse algo nada tivesse de familiar.
A humilhação de não se reconhecer vivo o assustou. O embaraço tomou conta de todo o seu corpo e pulsava junto às veias, tentando levar para cada parte do seu “eu”, a grande novidade. Sentir-se vivo, de fato, era novidade. Ainda que tenha sido por poucos minutos, a alteração inesperada no andamento regular e tenebroso da sua vida se tornou um momento raro. Raridade essa que se reduzia aos poucos a momentos de lembrança. Lembrança que teve muito mérito, pois logo o efeito de viver havia passado.
Algumas resistentes lágrimas escorreram pelas linhas do rosto que há pouco era somente riso, mas que agora se resumia novamente em fragilidade. Manteve-se oco, como garrafa vazia cujo conteúdo havia sido retirado. Manteve-se seco e deixou que evaporasse a umidade do que há pouco era um mar de vida.
E sem mais, continuou vivendo. Sabendo que ao menos uma vez na vida, existiu-se genuinamente vivo.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

inquietude ambivalente


Listen to me, don't walk that street
There's always an end to it
Come and be free, you know who I am
We're just living people
We won't have a thing
So we'd got nothing to lose
We can all be free
Maybe not with words
Maybe not with a look
But with your mind

maybe not- cat power


Ando muito apressada e avoada. Não culpo os compromissos, muito menos a faculdade. Culpo-me por não me olhar e não me ouvir. Culpo-me por deixar que algo ofusque minhas vontades e as enterre num lugar tão fundo que quase já não me conheço. Algo esse que me tira o sono e é motivo de todos aqueles já conhecidos cigarros (não mais mentolados) que não são mais surpresa para o meu cansaço. Algo esse que atrapalha todas as minhas relações e que me afasta dos que mais amo e acaba por me conduzir ao obscuro, aos intervalos de solidão e aos pequenos e raros momentos de surpresa, de simplicidade das felicidades instantâneas que escorrem por tudo que já toquei - mas que agora não sei mais se sou. Algo que se traduz em culpa, descaso e solidão. Que me esfaqueia em tantos momentos e em tantos olhares mas que, por ora,faz-me ir ao encontro da imensidão de toda essa inquietude que se traduz nessa ambivalência - já não mais desconhecidade- dentro de mim.

terça-feira, 22 de junho de 2010

do silêncio de gritar

Preciso voltar a escrever. Novamente sinto essa falta de ar estúpida que me esvazia o peito e arranca meu sono feito um tiro certeiro que magicamente não acerta o alvo.
Se ao menos eu pudesse sentar, acender um cigarro e deixar com que todo essa mito visse à tona em forma das tão sonhadas palavras escolhidas...Escrever é uma obra de arte, uma dádiva, uma fuga. Para tanto, necessita-se de um tormento anterior que posteriormente se dissolverá em forma de melodia para dar forma a mais genuína paz.
Tormento? Trágico-cômico-sonhado momento.
Sinto muito. Sinto muito por sentir agora pouco. Faz-se necessário enrolações, movimentos abstratos, danças no escuro para poder chegar mais perto do espelho que é essa folha em branco.


Breathe... keep breathing
Don't lose.. your nerve.
Breathe... keep breathing
I can't do this.. alone.
(...)
We hope that you choke.. that you choke
We hope that you choke.. that you choke



- Grite meu filho. Grite até não poder mais. Quando o mais doloroso estado silencioso de choque chegar, saberás que é a hora.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tenta-se ser normal e sobra apenas o medo.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

De volta ao doce gosto de fel que é escrever.

Falta-me muito para ler o que quero.
Falta-me pouco para desistir novamente.

Falta-me sempre.
Sempre...



de volta à você, querido realismo convincente.

do que me sinto.

Velocidade ímpar.
Encontro e desencontro.
Saio ao acaso
- Por acaso de quem?
- De quem já não sou.
Associo o escuro ao meu maior prazer
E assim, crio e re-crio...
E.

Salve a tua ação e volte para me contar
Dessa sonhada e já vazia salvação
Para essa minha bagunça,
Do gosto calmo do café-sangue
Do céu-seu sem cor
Da minha&tua boca - já não tão frias.

segunda-feira, 29 de março de 2010


sonolência.
sono.
falo agora
do medo
de
apagar.

silêncio
cala-te
que te
quero
agora.

quieto.
(não ouça)!
falo
agora
do medo de

silêncio!
apague...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

d.

Eu te imploro, com o ar de criança perdida, que não me faça ficar só ao teu lado. Permita que meus olhares enxuguem toda e qualquer mágoa que umedece o céu da tua boca. Permita que eu volte a ser teu porto seguro, teus olhos de menina, tua fonte incansável.
Eu te imploro meu bem, aos prantos e devaneios, que me estendas a tua mão e me puxe novamente para ti. Juro-te que és a dor mais secreta e intensa que me acordou, minha insônia mais salgada, minha maré mais turva, meu poço mais escuro.
Ouço tuas voz por entre um soluço e outro e te vejo, águas escuras, sorrindo tão distante para mim. Busco tua imagem novamente, busco teu sorriso mais sincero, busco tuas mãos em meu corpo e nada encontro. Sinto falta do que é nosso, sinto falta do que está presente, mas por ora, ousa escorregar pelos meus dedos.
Desbravarei toda e qualquer multidão para te trazer de volta.
Eu te amo.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

minha exatidão


Não aprendera nada a respeito da arte de suportar. Padecer pacientemente e esperar. Suportar a ela mesma, aos seus anseios, a sua inquietação.
Anos a fio esperando o exato momento da sensação agradável que se tem quando o que oprime ou molesta cessa de todo ou em grande parte. Não avisaram-na do estranho vazio que é se conter. Reprimir-se, dissimular o sofrimento e aprender a sorrir.
Pouco a falaram do pesar na garganta, das noites intermináveis e da lua cheia berrando socorro. Menos ainda do oculto prazer de elevar-se pouco a pouco às alturas do alívio.

Falta-lhe muito para aprender a arte da ressentida digestão dos fatos.

sábado, 30 de janeiro de 2010

minha paciência encardida, meu sufoco.

Com golpes de faca molhada
destruo a incansável fumaça do teu cigarro
na inocente esperança de me encontrar em ti.
Vejo,
aos poucos,
que de nada adiantará o meu sumiço.
Quero-te nesses copos vazios,
quero-te em goles para que
em meus soluços
sejam relembrados
cada
pedaço
teu.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Depende de tudo. Do vento, dos valores, da chuva, dos meus amores. Da água que corre nessa calçada embebida de tantas promessas, do semáforo que passa do amarelo para o vermelho acabando com a minha chance. Depende de mim, de você.

Corre solto, voa leve, o vento leva e me traz de volta para isso.
Volta solto, o vento busca, corre e procura, se desespera mas já não me vê.
Volta logo, traz o vento, voa leve, voa alto, corre solto.

Tropeça aqui, escorrega ali, daqui a pouco já são onze e onze eu não posso mais.
Não posso mais porque tenho sono e onze horas já começa a roncar.
Ronca o estômago, ronca o cabeça ronca-chorona a gata imaginária que me faz companhia.
Quitéria é seu nome.Quitéria das jóias pretas, do eríco veríssimo. Quitéria do Incidente. Quitéria minha companhia peluda e branca, branda, branca-branda como a neve.

Tenho sede e sono e fome de você e de mim e do vento que voa alto-voa leve mas já não te traz mais.
Já são onze horas e onze horas eu não posso mais

Amarelo-vermelho.
Volta leve, voa logo, corre solto.
Corre logo, voa leve, volte solto.

quitéria era seu nome.