segunda-feira, 11 de outubro de 2010

gotas.



Passei o dia todo aqui, sentada do lado de dentro dessa casa, ouvindo todos os passos lá fora, todas as buzinas e consegui até acompanhar o ritmo do vento levantando as saias alheias como quem as convida para uma dança.
Esperei. Afinal viver é esperar, não é mesmo? E olha que esperei obediente, fitando os olhos somente àquilo que me chamava atenção. E tudo, de fato, me chama a atenção. Não sei de onde veio essa curiosidade, essa desejo indiscreto de saber a origem de tudo, esse gosto pelas coisas raras, essa tendência de averiguar tudo o que existe para saber se de fato aquilo existe para mim.
Eu espero. Não tem problema! Espero mesmo... Mas pense: como ser paciente se a espera se faz eterna? Como ter calma se as dúvidas soam tão sinceras e parecem sempre indicarem um sinal. Veja, o sinal é que as coisas não estão calmas. E, portanto, é preciso novamente dar atenção a todo desconforto que foi empurrado para debaixo do tapete. Tapete aquele repleto de cinzas, de pedaços de mim que foram caindo enquanto eu insistia em continuar me olhando pelo reflexo da chuva. Gotas que pingam, que choram, que gritam. Gotas. Pequenas quantidades de uma bebida insolúvel ao descanso, insolúvel ao acaso, insolúvel à calmaria.
Levanto novamente e prometo ficar atenta à cessação do vento e do movimento das ondas que permeiam tantos mares pelos quais já passei.
Espero.
É isso. Novamente. Espero.

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