domingo, 30 de novembro de 2008

delicinha ²


Saio um pouco das minhas palavras para entrar nas de Drummond.
Este poema, segundo ele, foi feito "com o pensamento em Ana Cristina César".
E confesso estar apaixonada por essa poeta. Graças à minha querida amiga lola, pude conhecê-la e agora fico louca atrás de seus livros mas não encontro nenhum em livraria ou sebo algum. As edições são antigas e nunca tem no estoque.
Delicie-se com essa coisa linda:


"Por muito tempo achei que a ausência é falta
e lastimava, ignorante, a falta.
hoje não a lastimo.
não há falta na ausência.
ausência é um estar em mim.
e sinto-a tão pegada, aconchegada nos meus braços
que rio e danço e invento exclamações alegres.
porque a ausência, esta ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim".


quarta-feira, 26 de novembro de 2008

permissão.

Com toda licença, faço-te alguns pedidos. Permita-me entrar pelos teus portos e me ancorar dentro de ti. E assim, te afogaria com meus desejos mais profanos e num dilúvio imensurável te encontrarias já em mim. Deixe-me nadar pelo seu corpo e me entregar aos teus encantos de uma forma que, por fim desse meu canto, não existas mais longe de mim. E sinta, com um fôlego inquieto, meu calor chegando ao teu. E veja, que desse encontro desastroso, eis que surge um novo “eu”. Peço apensas que sintas. Não sei ao certo ainda o quê, porém sinta! Não te culpe por sentir, não te omita ao ousar. Não te prendas à correnteza alguma, não duvide ao te ancorar.
Não te percas fugindo assim! Não há desconforto, pois teus mares te levam à mim.

sábado, 22 de novembro de 2008

about me


E se um dia perguntassem sobre mim? Eu daria um sorriso, abaixaria os olhos e sem muito pudor diria:
Pôr do sol, vento na cara, presunto e queijo, orégano, lua cheia, esmalte vermelho, música extremamente alta, fotos, pão com requeijão, desejo à flor da pele, escritos sem nexo, minha vida num papel, capuccino sem chantilly, ímpeto, filmes, livros, cores, vermelho, psicologia, anseios, parceria, livrarias e sebos, suco de uva, gilmore girls, preto e branco, cerveja, piadas sem graça, amigos, música novamente, ligações, sonhos, imagens, caixinha de surpresas, DVD´s, lealdade e listas – muitas listas-.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

anseios.

O vento trouxe a lembrança daquele cheiro que ela jamais havia sentido. O perfume da pessoa que por dias habitava sua mente. Buscou-a nos seus goles de café, nas suas poesias diárias, nos seus pensamentos sem censura. Aquele arrepio já domava seu ser e, como uma fera que ataca a sua presa, subia-lhe por entre as pernas provocando-lhe um calor inigualável. Seu corpo - que durante tanto se adormeceu diante ao mundo- parecia voltar a pulsar, a sentir, a possuir vida. Que sensação! As cores novamente brilhavam e nem os dias feios eram motivos de descaso. A inspiração havia voltado. E com ela, a saudade de um futuro que parece jamais ter o desejo de tornar-se passado, de um futuro que talvez nem chegue.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

doce rubro.



As águas de março ainda caiam sobre a calçada adormecida. Miranda observa da janela semi serrada, o movimento dos pingos de água na rua. É uma quinta-feira cinzenta, escura, crua. Uma das mãos vai em direção a cortina para fechá-la, a outra segura o primeiro cigarro do dia.
Miranda contorna o sofá surrado de tantas noites dissimuladas e vai à busca de café. Entre um gole e uma tragada surgem as primeiras idéias para essa noite que antecede a sexta-feira.
Passa o dia a pensar, a fumar, a sonhar. Sonha com êxtase, com dor e com luxúria. Ela quer tudo em vermelho. Os olhos, o tapete, as lágrimas. Ah, as lágrimas! Essas sempre percorrem pelo seu rosto um caminho já trilhado e sabido. Gotículas de pranto, prazer. Um misto de gozo e culpa. Hoje, ela terá mais um daqueles momentos de glória.
A noite despenca e Miranda se depara com o espelho. A idade já não se esconde, porém a fome de libido, de vingança e prazer é bastante juvenil. Veste-se de vermelho. O mesmo que dá cor à paixão e ao sangue. Acende um cigarro e espera o relógio gritar oito horas.
O rapaz chega. Estatura mediana. Não serve para feio, entretanto não é dos mais belos. Ele surpreende-se com a decoração. Velas, fumaça, vermelho. A moça o cumprimenta com ardor e já o despe, com bem fez com todos. Atracados, os dois se entrelaçam até a cama – que já não se assusta com a cena não tão ímpar-.
Miranda o surpreende pedindo para que ele vire de costas e não se mova. Assustado, não hesita em obedecer. Ela então se levanta e caminha, já desnuda, em direção a vitrola. Coloca um vinil que em poucos segundos já arranha as primeiras notas de um tango. Um delicioso e sensual tango que penetra em Miranda e a faz gemer por dentro. O rapaz não ousa virar-se ao ouvir a melodia. Domada por um desejo inconseqüente, ela abre a gaveta do armário empoeirado. Ao som da musica caliente lambe, beija, admira a faca até então adormecida. Dança com o instrumento e caminha até a cama. Miranda dança, se esfrega, enlouquece o rapaz. Ainda que de olhos cerrados, ele sente o fervor da mulher que percorre seu corpo com a boca. Beija-lhe toda a espinha e enquanto ele geme, Miranda dá o golpe final.

A faca entra, rasga-lhe as entranhas e aí começa o gozo. Ela entra em transe ao ver o vermelho jorrando. O tango percorre por suas veias e o sangue do rapaz dava o colorido que faltava àquele quarto. Ela desfruta, em meio ao mar de sangue, daquela dança que já havia virado semanal.
Vermelho, tango, cigarros. Mais uma noite bem sucedida. Mais um prazer, menos um temor. O vermelho mistura-se com o cheiro picante do lençol. Miranda então sorri. A sexta-feira já nasce colorida.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

mad about you / give me a reason to be a woman

:)


http://www.youtube.com/watch?v=duVQrYfvgX8&feature=related


Indescritível!
Eu já amava "glory box" do portishead...Recentemente viciei em hooverphonic - principalmente em "mad about you" e em uma dessas viagens pelo youtube não é que eu encontro hooverphonic cantando as duas músicas em uma só?!

maravilha..! Recomendo...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

regard.

"Organize bem o seu tempo, você está passando por uma fase de ajuste, enxugue o supérfulo e afaste os pensamentos repetitivos. Para isso, use a sua intuição, ela nunca falha.
O seu equilíbrio vem do acreditar na sua intuição e permitir que a sua voz interior lhe dê a resposta de que precisa. Tem uma força maior que nos mantém vivos e fortes. Podemos tudo quando acreditamos..."