segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tears dry on their own.


Por que a gente chora?
O corpo humano sabe diferenciar choro de alegria, choro de dor ou choro de saudade?
Por que a gente treme quando chora e se encolhe?
Por que a gente quer escuro e silêncio?
Ou então uma musica tão alta a ponto de ofuscar seus gritos?
Por que a gente não divide sentimentos?
Por que não pode se guardar choro sem doer o peito?
Pra que chorar de alegria?
Pra que chorar de raiva?
Por que não há um motivo só pra chorar?
Por que sempre quando a lágrima é de dor ela parece arranhar nosso rosto?
E por que quando é de alegria ele segue doce, pelas dobrinhas da covinha?
Por que o medo faz a gente chorar?
Por que a gente tem medo da gente?
Por a gente chora quando fala do irmão?
Por que a gente chora quando pensa nos pais?
Por que a gente chora quando escreve?

Por que a gente chora?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

reticências...


Cinza. Vazio, oco, insignificante. Engraçado tantos adjetivos para descrever um estado tão vago. Como falar de um estado de vácuo? Como falar do que não sinto? Como desejar sentir algo se no momento, mal respiro? Por que as perguntas? Para que os pontos de exclamação? Cansei de você, ponto maldito. Cansei das suas perguntas e das respostas que você busca. Cansei da sua cordialidade e da sua réplica. Eu cansei de você. E talvez fosse melhor ir à busca de um ponto de exclamação. Um grito súbito de admiração, alegria, dor, surpresa. Porém que surpresa eu poderia esperar? E que alegria seria capaz de anular a dor inexistente, o sentimento oculto? Exclamações não são mais válidas e nunca foram. Talvez por nunca tê-las acabei menosprezando-as. Quem sabe uma vírgula? Indicando a menor de todas as pausas ou um comentário malicioso. Uma pausa, um fôlego? Mas parar por que? E de onde vem o cansaço? Talvez eu possa usar da ironia, aproveitar das aspas. Por que não acho o que quero? Quem sabe a coragem de um ponto final? Um furo feito em mim com agulha enfiada de linha molhada. O fim de algo que não começou. A última pausa pra respirar. O momento de se jogar. Por que não o ponto final? E cadê a coragem? Talvez tenha ido embora... Ou melhor, talvez esteja nas reticências. Uma omissão daquilo que se devia ou podia dizer. Um silêncio involuntário. Reticências... Em busca da pagina virada, do próximo capitulo. Sem vírgulas, exclamação ou interrogação. Apenas aquele fim que não acaba...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

amorfo.

Não é tão ruim assim. É aquela velha sensação de estar omitindo algo pra si. Tu mais do que ninguém, sabes do que eu estou falando. Admira-me ver em teus olhos essas lágrimas. Não sei se acredito nelas ou dou risada vendo teu estado. Deplorável, amorfo, inexato. Repleto de ruínas interiores e olhares profanos. Por que te calas e deixas com que façam de ti um tolo, um desalmado? És mais do que falas, és mais do que temes. És mais até do que pensas. E, aliás, por que motivo não pensas mais? Por acaso te rendeste aos desejos alheios? Vejo que te entregaste à eles como um cão desamparado. Anda, reage! Onde está a tua tirania, o teu poder? Por que temes a teus pais mesmo sabendo que jamais será metade do que eles foram? É por isso que te queixas? É por isso que te escondes? Levanta-te, te ergue e te completa. Não olhe para trás, para o que eles falam. Eles não são nada e tu sabes do que falo, me ouves, mesmo quando não queres faço das tuas, minhas palavras. E assim grito em alto e bom som: Apareça desgraçado. Não és quem eu conheço, não foi em ti que depositei meus sonhos, meus desejos. Acorda e faça dos teus dias, os últimos. Acorda e viva a tua vida como se estivesse a um passo da morte. E quem sabe estás. Pois quem vive se escondendo, esconde que está morrendo.

we know.

- Você já sabia.
- Eu sei que eu já sabia, mas era mais fácil acreditar que podia dar certo.
- Mas você já sabia.
- Eu já disse que sim, mas um lado meu fazia com que fosse diferente.
- Mas você já sabia.
- Você só pode estar brincando. Eu já disse. Eu sabia que ia dar errado, e ainda assim, tentei.
-Logo, você já sabia.
- Eu sabia. Mas me fingi de cega e continuei, me iludi, enganei a todos e a mim mesma.
- Porque você já sabia...
- Mas que diabos! Sim, eu já sabia que ia dar errado, qual é o problema?
- Justamente esse. Você já sabia.
- Você está de sacanagem comigo? Qual o problema em já saber?
- Você já sabia que ia dar errado. E por isso deu. Porque ao invés de acreditar no que poderia vir, você já sabia que ia dar errado. E deu, pois você acreditou nisso.
- Mas..eu não sabia se ia dar certo ou não.
- Justo, e preferiu acreditar que ia dar errado.
- Mas como eu ia saber que sim?
- E como ia saber que não?
- Mas isso eu já sabia.
- É, eu sei.