sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

amorfo.

Não é tão ruim assim. É aquela velha sensação de estar omitindo algo pra si. Tu mais do que ninguém, sabes do que eu estou falando. Admira-me ver em teus olhos essas lágrimas. Não sei se acredito nelas ou dou risada vendo teu estado. Deplorável, amorfo, inexato. Repleto de ruínas interiores e olhares profanos. Por que te calas e deixas com que façam de ti um tolo, um desalmado? És mais do que falas, és mais do que temes. És mais até do que pensas. E, aliás, por que motivo não pensas mais? Por acaso te rendeste aos desejos alheios? Vejo que te entregaste à eles como um cão desamparado. Anda, reage! Onde está a tua tirania, o teu poder? Por que temes a teus pais mesmo sabendo que jamais será metade do que eles foram? É por isso que te queixas? É por isso que te escondes? Levanta-te, te ergue e te completa. Não olhe para trás, para o que eles falam. Eles não são nada e tu sabes do que falo, me ouves, mesmo quando não queres faço das tuas, minhas palavras. E assim grito em alto e bom som: Apareça desgraçado. Não és quem eu conheço, não foi em ti que depositei meus sonhos, meus desejos. Acorda e faça dos teus dias, os últimos. Acorda e viva a tua vida como se estivesse a um passo da morte. E quem sabe estás. Pois quem vive se escondendo, esconde que está morrendo.

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