domingo, 26 de junho de 2011

sístole, diástole.


Eu me perdi no limite subliminar dos nossos corpos e não consigo mais voltar. Não sei até onde sou eu e até onde é você. Não sei onde colocaram a chave, o mapa, a pista que me poderia fazer voltar a mim. Nunca fui pista.

Pintei minhas unhas de negro para enterrar alguma coisa que sempre volta gritando.
Neguei o vermelho conhecido, mas o preto agora vem sangrando.

Devolvi livros, apaguei palavras, queimei você de mim sem saber que o que é brasa viva nunca morre. Já entendi que só Ana Cristina César me ajuda.Por isso grito agora no vento: Neruda, se não for pra ajudar, não atrapalhe!

Eu não sei se devo acreditar nos fatos ou em minhas intuições – já não tão certeiras. Realidade e lembranças se misturam, eu não sei o que escolhemos como real, eu não sei o que acaba no cinzeiro e o que vai para o pulmão.

Expandir e contrair: essa é a lei do mundo. Sou-me em expansão. Somos, agora, em retração. Quando é assim falta ar. Respirar.

Se viver é caminhar em linha reta,
Tropeço.

sábado, 18 de junho de 2011

cabernet sauvignon

"O que será que é o contrário do amor?" from the movie "como esquecer".

Enquanto a faca não cair por terra
Haverá sangue no chão
Jorrando, marcando estradas
-como se fosse vinho conhecido-
gritando vermelhos próximos para te confundir

É quase uma luta armada
Enganação barata, honey
E você vai acreditando
Embebedando-se do plasma de um corpo velho
Lembrando do corpo que te deu vida,
Daquilo que você bebeu incansavelmente
Mas que decidiu arrotar em solos latinos
Na escolha de esquecer o que te era vital.

Permita-me?

A ferida do teu corpo não cicatrizará com sangue alheio.
Assuma tua sede, olha-te no espelho.
Veja o que fazes e a quem fazes
És agora a contradição anunciada
(que tanto negaste, meu bem)
És agora o fracasso barato
Símbolo máximo
Daquilo que foi parar no hospital.

domingo, 12 de junho de 2011

domingo.

“ Não vejo meu corpo mas penso nele com desejo e minha consciência é o teto do mundo, como se o forro do meu crânio fosse o céu” acc.


sangue nas gengivas, baby
plural sim, pois não me sou na finitude
meu salto faz cócegas no asfalto e quando olho para trás
lá estão:
buracos vazios.

quando tem estrela é bom
porque o sonho é a desculpa
e nele se depositam cinzas
e pedaços de unhas rasgadas
e vermelhos descascados
e só.

minha pérola negra foi parar debaixo da cama.

domingo, 5 de junho de 2011




Ana Cristina César, em seu caderno de desenho.

sábado, 4 de junho de 2011




"estão caindo sobre mim cacos sem peso
porque retorno em quedas sobre os braços
volto ao espaço circunscrito, mas me teme
meu corpo lento e bioquímico no escuro, e
lentamente sei que me dissolvo aos
quinze miligramas, seca
em queda de paralisia quantificável.

silêncio.
retornando sobre quedas
paralisia em caixa, crédito e cheque onde
risco assinatura de meu nome; hipnótico aconchedo dos
números menores, em firmas menores que ainda registram
arabescamente seus lucros; eu queria:

silêncio de resposta e sangue ainda
os vidros soltos sobre a cara
mesmo sem saber que retornamos
saibamos que o espelho que desaba
fere e contunde nossa cara "

acc.

ao som de "the sun" - portugal the man.