quarta-feira, 30 de setembro de 2009

das escolhas e da cegueira.

Tão pouco te vejo que em mim me escondo
Se te busco, vejo fogo
Se eu corro, vejo o vulto
Ora você, ora o mundo
- Não quero mais pensar assim.

Tão pouco me vejo que em ti me escondo
Se eu grito, eu te calo
Se me calo, ensurdeço
Ora viril, ora moribundo
- Não penso mais que quero assim.

Tão pouco me escondo que em ti nos vejo.

sábado, 19 de setembro de 2009

explicação

E quem sabe um dia eu possa-me sentir viva a ponto de olhar para esse copo e explicar ao meu reflexo: - olha, isso tudo é um grande não caber em mim. É sentir o estômago furtar todo o meu sangue e não restar nada a caminho do cérebro.
É um não estar. Não estar aí, muito menos aqui. Não encontrar refúgio, não me encontrar em lugar algum. É estar em todos os lugares sem estar em nenhum.
É vê-la ali e doer em mim essa queda. É morrer aos poucos em cada respirada. É questionar essas frases curtas e duvidar da veracidade das mesmas.
É sentir falta de tudo o que não tive e vomitar, repugnando, essa porcaria de sentimento inato.

Trata-se do desejo de desprezo, da vontade do desdém.
Trata-se do soluço engolido, do choro embebido de raiva e temor.
Trata-se do sentimento mais viril.

Trata-se de tudo o que você não viu.



Set/2009.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

seus olhos.




Em dias assim eu não consigo escrever. Já não me faltam motivos para querer ir ao teu encontro. Desde que aquele avião partiu, eu não penso em outra coisa a não ser a falta que você me faz.
Aquele dia foi terrível. Meu estômago ainda se manifesta ao lembrar-se daquele cinza interminável que fez do céu um eterno abismo. Voltei calada pra casa e ainda estava tudo no lugar. Os vestígios do presente que te fiz permaneciam vivos na gaveta e aquele bilhete de aniversário adormecia entre meus papéis e anotações.
E eu só pensava nos teus olhos azuis. Aquele olhar que me ensurdece e que muitas vezes gritou segredos e pediu socorro a mim. Os olhos falantes. Seus olhos gritantes.
Eu ainda continuo admirando o céu- aquele mesmo que julgamos ser o mais bonito do mundo. Em meio ao laranja, azul e cinza muitas vezes te vi ali. Procuro sempre te abraçar na distância e ouso dizer que te sinto mais protegida quando vou ao teu encontro- mesmo que em pensamento.
E é assim que termino esse desabafo: com um abraço interminável e aquele desejo de ter uma conversa bonita com você. Com seus olhos falantes. Seus olhos gritantes.

27/08/09