domingo, 9 de janeiro de 2011

margens



We've lived in bars
And danced on tables
Hotel trains and ships that sail
We swim with sharks
And fly with aeroplanes in the air



E é mais ou menos assim que tudo começa. Você sente sua vida escorrendo pela pia do banheiro e não há nada para fazer. É como se a todo o momento você sentisse a pressão de estar caminhando às margens das barreiras – agora não mais tão sólidas- que umedecem seus olhos e as palmas das mãos.
A cada dezoito minutos uma nova escolha. A cada dezoito minutos uma desistência, uma parada cardíaca, um parto, um orgasmo, um desapego, um salto e um banho frio. É como se você tivesse que responder com extrema convicção aquilo que por ora te causa insônia: de que lado você fica? Você agüenta o intervalo sutil entre o salto e o retrocesso?
Dezoito minutos. Todas as respostas brotam subitamente por detrás daquelas árvores úmidas, novas nuvens se formam e por um segundo você tem certeza: isso é a vida. Essa é sua vida. Escolhas. Êxtase. Você agora não é mais aquela imagem trêmula, mas sim, sólida forma de alguém que sabe o que não quer – e isso já é muito.
Dezoito minutos. Retrocesso. Pausa.decadência. Onde está o controle remoto da sua vida? Onde foram parar as certezas? Comodismo.
Margens, beiradas, bordas. Linhas imaginárias tão reais que te cortam e te esfaqueiam e você não sente mais nada que outrora borbulhava em seu peito.
Renúncia.