quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Um estranho em meu jardim

Revivendo uns textos do passado...

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Um estranho em meu jardim


Noite de sexta-feira 13. O relógio marcava 23 horas. Bom, você deve estar pensando que sou supersticiosa, não é mesmo? E que estou com medo do que poderá acontecer hoje. Está bem, posso até confessar: sou medrosa. Medrosa não, talvez prevenida.A noite escura, fria e calada me assusta. Posso ouvir o som gelado das folhas secas. Sexta-feira 13 é um ótimo dia para acontecer um assassinato, daqueles que nem Agatha Christie, a rainha dos crimes, poderia solucionar!BOOOM! Socorro! Esse estouro veio do jardim! Do meu afável jardim! Meu Deus, o que será? Um ladrão? Um tarado? Um tiro?Ah! Não sei! E isso me apavora! Posso sentir meu coração se contraindo, sinto-o como se fosse uma cabeça de alfinete. Não posso me controlar! A vontade de descer e ver o que é, é grande, mas o medo é ainda maior. É hora de tomar coragem. Vou descer. Eu vou ver o que é.Passo trêmula pelo corredor e, rapidamente, escorrego nos braços da escada. De repente... Outro estouro!Meus pés não se moviam, minhas mãos suavam frio. Pensamentos macabros tomavam conta de mim. Mas já que cheguei até aqui, vou continuar.A janela entreaberta fazia com que eu pudesse ver uma sombra no meu jardim. De repente, pude ouvir uma voz. Uma voz fria, pesada, que não me era estranha!Foi quando ouvi pela terceira vez o barulho. Desta vez acompanhado de um "agora eu te matei sua maldita"!Em menos de um segundo senti como se minha pulsação parasse e que todos meus sentidos tivessem me abandonado. Mas agora, mais do que nunca, sentia-me na obrigação de solucionar esse mistério, todo esse suspense. Engoli a saliva áspera de contrações. Deixei o medo de lado e sem pensar duas vezes, abri a porta.Dei de cara com meu vizinho. Surpresa maior eu teria, ao olhar para aquele velho barrigudo com pouco mais de um metro e cinqüenta. Em uma das mãos, uma espingarda. Na outra, uma singela coruja. Já com o sorriso amarelado, foi capaz de olhar pra mim, curvar-se e dizer:- Boa noite, vizinho. Agora sim poderei dormir em silêncio.

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