Eu quero um vermelho
verídico, irrevogável, infalível e
desastroso. A liberdade na tua pele faz ferida e
sangra. Sangra você, sangro eu e nessa história toda gritar no
vácuo não pode ser opção. Trata-se de
fatalidade nas pontas dos dedos, do desejo que corre pelas veias, da saliva letal – e já não tão salgada. Deito na cama e escrevo em meus
seios recados que deveriam estar cravados em ti. Ou te arranho ou te mato, não quero mais sussurrar. Torno-me fumaça
dispersa pra te buscar quando escapas. Torno-me pele macia que arde por dentro. Transformo-me em água potável pra matar tua sede quando, na verdade, não passo de um
vinho tinto seco que mancha teu tapete e te faz cair. Disfarce barato não é pra mim. Não suporto mais esses tons macios que ao gritar
tropeçam. Eu quero o grito! Um forte, imenso e amargo grito. Não me calo no silêncio, não durmo na chuva calma. Sou café
sem açúcar que arrepia a alma pra te acordar. Enquanto Janis se desespera cantando
summertime por aqui, brinco de ser Deus e chego a minha grande conclusão:
Te dou o papel de mártir em troca de um segundo no teu
escuro.